Diagnóstico da Infecção pelo Helicobacter Pylori

Existem testes invasivos e testes não invasivos

A. Os TESTES INVASIVOS pressupõem a realização de uma endoscopia digestiva alta

1.
Enquanto não se vulgarizam sistemas ópticos mais desenvolvidos, a colheita de amostras da mucosa gástrica continua a ser necessária para detectar Hp (sensibilidade de 91 a 93%, especificidade de 98%).

1.2.
Duas biopsias do antro e uma do corpo parecem ser suficientes para diagnosticar a presença da bactéria mas geralmente colhem-se duas amostras do antro, uma na incisura, duas no corpo na medida em que se pretende mapear a mucosa na pesquisa de lesões pré malignas. A bactéria é observável em Hematoxilina e eosina mas a sensibilidade (66%) e a especificidade (88%) são mais baixas do que se indicou. A utilização de corantes especiais como o Giemsa é necessária para se alcançar a acuidade citada.

2.
Em vez de aguardar pelos resultados da histologia, pode realizar-se um teste rápido da urease. Coloca-se uma amostra de mucosa num recipiente apropriado que contém ureia. A urease bacteriana liberta amónia em contacto com a ureia; o pH aumenta resultando numa alteração colorimétrica de um composto presente. A positividade exige uma elevada densidade de bactérias nas amostras. Não se recomenda para confirmar uma erradicação dada a sua baixa sensibilidade, mas a sua positividade é suficiente para se iniciar o tratamento. O teste tem problemas de especificidade na medida em que existem outras bactérias capazes de produzir urease.

3.
Não tem interesse realizar culturas das amostras colhidas. A cultura tem uma elevada especificidade, mas uma baixa sensibilidade já que a bactéria é difícil de cultivar. A amostra deve ser processada nos 30 min subsequentes à colheita usando um agar pre aquecido a 35C em condições micro aerofilicas (conteúdo de oxigénio < 5%); deve depois ser usado um agar específico com colistina e polimixina.

B. Os metidos invasivos não devem ser usados para se avaliar da erradicação. Os TESTES NÃO INVASIVOS dispensam a realização de uma endoscopia digestiva alta

1.
Existem testes não invasivos que identificam uma infecção activa. O chamado UBT (Urea breath test) implica a ingestão de ureia marcada (13C, não radioactivo; 14C, radioactivo) num carbono. Hidrolizada pela bactéria a ureia liberta CO2 que transporta a marca detectável no ar expirado. A ureia deve ser ingerida com uma refeição para prolongar a permanência no estômago. O teste tem sensibilidade e especificidade superiores a 95%.

2.
Cultivar Hp a partir das fezes é muito difícil, mas detectar antigenes de Hp nas fezes é simples. Exige-se uma amostra de escasso volume. Os testes que utilizam anticorpos monoclonais são superiores aos que usam Acs policlonais embora a diferença na sensibilidade (91.6% vs 87%) e na especificidade (98.4% vs 97.5%) não sejam substanciais. O uso destes testes foi recomendado para o diagnóstico inicial e para avaliação após tratamento. Os resultados obtidos com fezes liquefeitas têm menor acuidade. As amostras não devem ser mantidas a temperatura ambiente antes da realização do teste. Não realizar senão 30 dias depois de um tratamento de erradicação.

C. Acuidade dos métodos

A acuidade destes métodos depende da densidade bacteriana na mucosa que é afectada pelo consumo de PPIs (devem ser suspensos 2 semanas antes da pesquisa) ou pelo consumo de antibióticos (devem ser suspensos 4 semanas antes do teste). Lembrar que a bactéria não existe em mucosa atrófica ou metaplásica sendo neste caso raro encontrá-la no antro.

D. Testes serológicos

Os testes serológicos correspondem à identificação no soro sanguíneo de anticorpos contra Hp. A sua presença tanto pode indicar concomitância da infecção como a sua ocorrência no passado. Acrescente-se a sua elevada percentagem de falsos positivos. Estes testes não devem ser usados em nenhuma circunstância sendo um desperdício a sua requisição..

Dmitry S. Bordin, Irina N. Voynovan et al
Current Helicobacter pylori Diagnostics. Ler aqui.
Diagnostics 2021, 11, 1458

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