Eficácia da Ketamina no Tratamento da Depressão

1. Existe pouca diferença na eficácia para as diversas classes de antidepressivos embora estas drogas sejam muito distintas no mecanismo de acção, na eficácia contra sintomas específicos, no perfil de efeitos adversos, nas suas vias metabólicas e nas interacções medicamentosas.

2. Os resultados obtidos com os medicamentos disponíveis são muito desapontadores: remissão em 28% dos casos na primeira abordagem com resultados ainda mais fracos para drogas usadas sequencialmente de tal modo que, finalmente, mais de metade dos deprimidos nunca entram totalmente em remissão.

3. A Ketamina é um anestésico introduzido há cerca de 50 anos. Em doses sub-anestésicas é muito eficaz no tratamento de dores agudas; das cefaleias refractárias; na redução da agitação e da violência. É também muito eficaz no alívio imediato de doentes com depressões severas ou refractárias.

4. Quando se fala de doses sub-anestésicas evocam-se 0.1 a 0.5 mg.kg ev, em 40 minutos. Os efeitos antidepressivos observam-se aos 40 minutos; são mais notórios no primeiro dia para se desvanecerem em 10 a 12 dias. Associada a 10 mg de escitalopram, uma única dose de ketamina ev melhora a frequência de resposta (92% vs 57%) e a remissão (77% vs 14%) às 4 semanas.

5. Os efeitos adversos mais comuns nas 4 horas que sucedem a administração são sonolência, tonturas, falta de coordenação, visão turva e sensação de irrealidade. Estes efeitos são de curta duração e clinicamente não significativos. A infusão de ketamina causa HTA em quase 30% dos doentes.

6. Se os doentes não respondem ao tratamento inicial podemos realizar mais sessões (nunca mais que 6 sessões) ou aumentar a dose. Para manter os efeitos (desvanecem ao fim de 3 a 12 dias) podem repetir-se as infusões com intervalos de 2 a 7 dias, prologando-se a acção por meses.

7. A prescrição tem indicação em episódios depressivos major ocorrendo no contexto de uma depressão importante ou no contexto de uma doença bipolar. As depressões com componentes psicóticos têm sido excluídas dos ensaios clínicos embora haja relatos de que estes doentes possam também beneficiar do tratamento.

Andrade,C.
Ketamine for depression,1 (Clinical summary of issues related to efficacy, adverse effects and mechanism of action); 2. Diagnostic and contextual indications
J.Clin.Psich.2017.78.4.e415 and 78.5.e.555

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