1. Até há cerca de 2 décadas as doenças associadas aos coronavirus eram tão ligeiras (4 estirpes causam 20% das gripes) que a investigação corrrspondente se encontrava estagnada. Em 2003 foi identificada uma insuficiência respiratória aguda (SARS, Severe acute respiratory syndrome) causada por um vírus deste grupo. Em 2012 outra doença (MERS, Middle East respiratory syndrome) igualmente causada por um coronavírus emergiu na Arábia Saudita tendo matado 34% dos indivíduos infectados.
2. Estes vírus mas também o SARS CoV-2, responsável pela pandemia em curso, provêm dos morcegos. Neste último caso o genoma tem um RNA idêntico em 96% dos seus constituintes a um vírus conhecidos nos referidos morcegos nos quais não causa doença relevante.
2.1. Todos os vírus injectam o seu material nucleico numa célula. Nesta célula o material genético (nos coronavirus, RNA) multiplica-se. A sua duplicação não é controlado por um mecanismo apropriado (o que acontece quando o ácido nucleico é o DNA) e por esse motivo a multiplicação é atreita a erros múltiplos que levam ao aparecimento de diversos mutantes.
2.2. Os coronavírus possuem 4 proteínas estruturais: a nucleocápside; o invólucro; a membrana; o spike. O spike forma protrusões na superfície externa da partícula virusal. Estas protrusões são responsáveis pela ligação aos receptores à superfície das células infectadas.
2.3. A diferença principal entre os vírus que causam uma gripe comum e os que causam uma doença severa reside no facto dos primeiros infectarem células do tracto respiratório superior. No segundo caso os vírus alojam-se no epitélio profundo dos pulmões onde causam importantes dificuldades às trocas gasosas. Evidentemente que os virus que colonizam o tracto respiratório superior, menos perigosos, acedem mais facilmente ao exterior sendo por isso mais infeciosos.
3. O SARS CoV-2 utiliza um receptor designado de ACE2 para penetrar nas células. Existem, contudo, vírus que interactuam com o mesmo receptor e que causam apenas uma ligeira infecção do tracto respiratório superior. A razão pela qual o SARS invade o pulmão profundo não se conhece com precisão. Por outro lado, este receptor é muito comum no coração, mas apesar disso o virus não infecta as células cardíacas. Acredita-se que o processo de invasão não dependa apenas do ACE2 e das proteínas spike.
4. Muito do prejuízo que este vírus causa resulta da resposta do organismo á sua presença. Certas espécies animais como os morcegos albergam o vírus, mas não constroem uma resposta violenta à sua presença. Talvez este facto explique a virulência diferente que a infecção assume nos diversos indivíduos.
Simon Makin
How Coronaviruses Cause Infection—from Colds to Deadly Pneumonia
Scientific American. Fevereiro 2020
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